sexta-feira, 30 de julho de 2010

terça-feira, 27 de julho de 2010

1º regra




Não relembre meu passado.



Você não tem esse direito, além do mais, isso é muito novela com FlashBack!

sábado, 24 de julho de 2010

Blitz policial



Estava eu dirigindo o carro do meu pai, tranqüilamente bêbado às 2 horas da madrugada. Quando me sinto perseguido por luzes vermelhas que piscam. Não, não era uma nave espacial, muito menos o palco do show da Madonna, era uma viatura policial que pedia pra eu encostar o carro. O meu estado etílico era tão intenso que ao ver o policial aproximando da minha janela falei sem pensar:

- Se eu mostrar o pinto você me libera?

- Que absurdo! Que desacato é esse?

- Oi? – disse eu sem resposta

- Qual é o seu nome?

- Não vou falar.

- Olha, você está em atitude suspeita, vou ser obrigado a leva-lo pra delegacia.

- Claro, dentro desse Gol quadrado caindo em pedaços qualquer um fica suspeito, isso é carro de bandido, coloca o Papa aqui dentro e coloca Racionais pra tocar, e ele vira um marginal criminoso.

- Nome, endereço e profissão.

- Não, não digo, eu não tenho medo de você.

[Policial saca a arma]

- Marcel Henriques Lima Oliveira. Rua das Letras, 19. Estudante.

- Viu como é fácil? Liberado.

Liguei o carro e fui saindo, quando estava lá na frente não resisti:

- É tudo mentira, se você acha que vai me submeter com esse seu poderzinho está muito enganado, muito enganado, beijos.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Bicicletas, Canteiro e Yolanda




Em mais um Domingo na praça, peguei a bicicleta do meu amigo e fui trançando entre as senhoras (Dona Maria) que saiam da missa, até que de longe avisto pessoas conhecidas.
[música de suspense]
Subo na bicicleta e ultrapasso, uma, duas , três, quatro Dona Maria. Driblo um Seu Zé pela esquerda, driblo Seu João pela direita e saio costurando entre o público, até que vejo meu caminho completamente livre.
[tchan, tchan tchan tchan, tchan tchan tchan, tininium, tininium, tininium, tinium]
Um grito ecoa no ar.
- Marceeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeel.
Olhei pra trás, mas antes de conseguir uma visão privilegiada da dona da voz, algo estranho acontece.
[Para a música de suspense, silêncio. Bicicleta batendo o pneu da frente no canteiro, Marcel voando feito uma drag vestida de superman, direto para as plantas do canteiro]
Levanto a cara da terra, até cuspi alguns tijolos, mas eu supero. O grito aliás nem era pra mim. Problemas de audição, sempre acho que os gritos são pra mim.
- Oi Marcel.
Olho pra cima, uma menina que parecia tão gigante vista tão debaixo.
-Err. Oi Yolanda.
- Você caiu? – pergunta ela
- Não – respondi – era tudo performance.
- Isso é uma bicicleta?
Levantei em silêncio. Olhei profundamente nos olhos dela e respondi:
- Não, é uma Master Juicer Acabator com sua Carator Wallita, cabe a fruta inteira.
- Então enfia um gelol nessa boca filho da puta, só tô tentando ser legal.
- Você não precisa tentar ser legal, você é legal naturalmente. Vamos tomar uma pinga?
- Fecho.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Negociando com o inimigo




Em mais um dia de fissura de cigarros, pego 25 centavos que achei no meu guarda-roupa e resolvi comprar um cigarro de palha, claro, ele mata mais a vontade de fumar. Então lá pelas 8 da noite pego meu moletom da CBF e saio pra comprar cigarro, beijo. Calma, eu volto.
Eu só não contava com a astúcia do cara que me seguia, quando ele me aborda e diz:
- Me arruma um cigarro?
- Pô, não tenho cigarro, mas se você conseguir eu aceito alguns tragos.
- Então me dá esse moletom, anda. – ordenou o meliante.
- Eu não, minha cara de fábrica de blusas de frio, eu nem tenho blusas direito e ainda vou deixar levar a minha.
- Anda logo. – e toma-lhe um tapa na orelha.
- Tudo bem, mas deixa meu isqueiro – eu disse pensando em meu cigarro, e já fui tirando o isqueiro do bolso da blusa.
- Não, o isqueiro também é meu.
- Não, você já está levando a blusa, escolhe: ou a blusa ou o isqueiro.
- A blusa.
- Troco ela por um maço de cigarro.
- Troco um maço de cigarro pela blusa e o isqueiro – disse o meliante tentando ser esperto
- Hahahaha – respondi em tom sarcástico – o isqueiro em troca do maço de cigarro.
- Mas e a blusa?
- Eu devolvo pro dono, nem minha não é, acabei de roubar (beijos).
- Fechou.
Deixa ele com meu isqueiro, pelo menos com 25 centavos comprei minha caixa de fósforos e sai no lucro com um maço de cigarro (Derby) e a blusa.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Narrador de sexo




Sentados no bar, em um domingo a tarde duas amigas, um amigo e eu, obvio que eu também estava lá, não entendo essas pessoas que ligam e perguntam: “Quem está com você?”, ai você, em sua infinita burrice responde: “Fulano, Ciclano, Beltrano, a Xuxa, a Sasha e EU”. Claro que você está ali, você não precisa falar isso. Bleh, enfim.
- Tem coisa pior do que você transar com uma pessoa que narra o sexo? – disse Laís
- O que? Narrar o sexo? – perguntei intrigado.
- É, tipo, você tá lá transando e a pessoa começa a narrar.
- Narrar? Tipo Galvão Bueno?
- É, e tão broxante quanto o Galvão Bueno.
- Eu fico imaginando a pessoa narrando – eu disse já rindo – “E as bolas estão em campo, o atacante já está posicionado, devidamente vestido. O jogador está pronto para o ataque, e vai, bate, rebate (finge que bate e faz carão, aloka). Ele chega atacando pela direita, passa para o volante, que está descontrolado, o volante está super excitado e não dirige nada, ele quer chegar logo ao gol. O volante chega pela esquerda, ele está chegando, ele é rápido, já percorreu o campo inteiro, vai chutar..............escorregou, pra fooora!”
- Não – respondeu Lais se sentindo incompreendida.
- Então é como? Narrador de rodeio?
- Mais ou menos.
- Esse tem ejaculação precoce né, em 8 segundos ele já caiu.
Apesar de todos que eu pergunto nunca ouviram falar de narrador de sexo, quem sabe eu contrate o Romário como comentarista: "Pô, que cheiro de peixe, puro bacalhau."

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Juventude Perdida

- E então, o que você tem a dizer da sua juventude? – indagou o psicanalista.
- Minha geração está perdida, eles saem à noite para beber, fumar e encontrar com os amigos, pra quê? Isso é tão fútil, bebem, contam algumas piadas, trocam cigarros, mais algumas piadas, mais alguns cigarros, arrumam alguém no fim da noite, beijam, às vezes transam e vão embora dormir. Fim.
- Mas não é isso que você faz toda noite? – replicou o psicanalista tentando me mostrar que eu estava sendo contraditório.
- Sim, mas eu não tornei isso algo fútil, eu tive dias que não existiram, eu fiz homenagens ao Capitão Bafo (e várias vezes), eu joguei sueca e quase vomitei em cima do baralho, eu joguei truco e quase voltei pelado pra casa, sem contar os “eu nunca”, pretos velhos e noitadas no barzinho. Os jovens de hoje bebem simplesmente por beber, ele nem ao menos sabem “Quem Bebe?”, eles bebem para beijar pessoas, eu não preciso de bebida pra isso, beijo quem eu quero beijar e pronto, às vezes beijo outros tipos, só pra dar uma quebrada na rotina, mas no fim, isso não é fútil.
- Você era feliz com seus amigos e festas “caseiras”?
- Não, mas não havia outra maneira de aproveitar a vida.
- Mas ao menos você aprendeu alguma coisa?
- Aprendi que devo sair logo da juventude, porque a esperança já deixou ela há tempos.

terça-feira, 6 de julho de 2010

O primeiro beijo

Ele então a abraça, e tenta um beijo.
Ela desvia e chega os lábios aos ouvidos dele, quando não se segura e sussura:
- Não é o primeiro beijo que lhe negam, é?
Ele olha pra ela com o olhar triste, vago e molhado, nesse momento o coração dela explode, e ela não controla mais suas palavras. Uma lágrima escorre do olho dele e ela recebe a lágrima com o dedo. Aquela lágrima não precisava significar muita coisa, mas foi confortante vê-la descer rolando pelas bochechas dele. Ela põe o dedo na boca e saboreia a lágrima:
- Você não sabe o quanto isso é doce.
Ele olha assustado pra ela, como se toda aquela encenação fizesse o mundo dele desabar, ele não tinha mais chão, o coração dele estava partido como uma pequena torta em uma festa infantil.
- Você não precisa fazer isso, fui feliz com você, você foi uma das melhores coisas que já me aconteceram - ele disse.
- Pena que não posso dizer o mesmo – ela respondeu já empinando o nariz.
- Nunca pensei que fosse tão cruel.
- Olha quem é capaz de falar em crueldade.
- Tudo que fiz foi inconsciente, sabe que eu queria somente sua amizade.
- Eu não costumo beijar meus amigos, não amigos vazios como você.
- É impossível dialogar com você.
Ele sai triste pela incompreensão dela e ela fica coçando os lábios com os dentes, com um gosto de quero mais, por fora triunfante, mas por dentro em frangalhos.