sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Caia em tentação, ou caia em contradição



Eu sou uma pessoa boa, acredito eu. Ajudo os homens-estátua a pedir dinheiro, dou cigarro para os bêbados que me pedem, e dou tapa na cara das pessoas quando elas precisam sair do seu estado de histeria, ou de silêncio. Claro que eu sinto um certo prazer nisso tudo, e sinto um prazer enorme ao ver as pessoas queimando os pés descalços no asfalto ou tremendo da cabeça aos pés de frio, mas nada me dá tanto prazer quanto ver uma pessoa cair em contradição, chego a ter orgasmos múltiplos.

- Sou evangélica – ela disse.

- Nossa, que bom, eu sou Ateu (Porra)!

Respondi com um certo desinteresse, já cansei de falar de religião, aborto e política.

- Que perfume gostoso, como chama?

- Egeo, do Boticário (isso foi um merchandising sem lucro, se quiserem patrocinar, fiquem à vontade).

- Hum, muito bom, sempre sinto esse cheiro quando você passa, ele é muito bom.

(Isso foi uma cantada?)

- É, foi minha mãe que me deu.

Não que eu seja obrigado a dar satisfação a estranhos, mas vivo dando. Quando vou comprar absorvente pra minha mãe, anticoncepcional para minha irmã, ou até camisinha (para mim é claro). Sempre tenho que comentar sobre o que estou comprando: “Esse absorvente não é pra mim, é pra minha irmã”. Ou compro uma lingerie: “É pra minha namorada”, e daí se fosse pra mim, foda-se.

- É caro?

- Acredito que não (merchan abusivo detected)

- Vou comprar um pro meu peguete.

- O que?

- Pro meu peguete.

Isso porque ela era evangélica.

¬¬º

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